Hoje é o dia de abrir a caixa de e-mails, o Whatsapp, o Instagram e ver um monte de mensagens encaminhadas. Ahn, que bacana, fui lembrada, mas fiquei pensando: – Será que essas pessoas que hoje me parabenizam pelo Dia Internacional da Mulher topariam fazer um trabalho em parceria comigo? Dividir uma comissão? Será que me indicariam para algum freela? Será que me julgam pelo que eu falo, posto ou pela roupa que eu visto? Reparam e ficam comentando (pelas costas, claro) quando tô sem maquiagem ou quando eu ganho peso? De onde vem o apoio que uma mulher recebe? É de seus pares? Quando eu vendo uns cinco exemplares do meu livro em um dia minha mãe pergunta porque não vendi mais. A cobrança que ela recebeu ao longo da vida para criar duas filhas (de 10 dias de vida a a outra de nove anos) quando ficou viúva a fez endurecer e ela se cobra demais. Estou aprendendo a ser diferente. Hoje eu mereço, sim, comemorar! Sair do trabalho, ver o por do sol, ir no salão fazer um spa dos pés, comemorar a venda de um livro sequer…. O trabalho de olhar a geladeira pra ver o que tá faltando (fazer toda a logística da feira da semana) ou separar o que está apodrecendo para congelar é quase sempre invisível e cansativo. O trabalho de gerenciar nossa vida, nossa casa, uma equipe, é insano. Tem dias que não quero gerir nada, só tomar um banho e dormir. É ofensivo demais (pelo menos pra mim) ouvir que eu faço melhor uma tarefa porque sou mulher. Sou boa no que me proponho a fazer, você não é bom simplesmente porque não está disposto. Colocar pesos disfarçados de elogios a uma mulher é desleal. Lembro quando era criança e adolescente. As mensagens de Dia da Mulher era bem vazias mesmo. Hoje fico feliz de ver uma linguagem mais real. No meu trabalho mesmo, não fiz homenagem a ninguém, pelo menos não da forma tradicional. Em vez de chamá-las de guerreiras, preferi usar a arte (aquela música de Caetano, o Veloso) e perguntar: – Qual a dor e a delícia de ser Mulher? Preferi assim, fazer um post sem máscara, para que todos entendam que sofremos todos os dias, mas também comemoramos cada conquista. Eu mesma respondi (rsrsrs) Pra mim, a dor de ser mulher é sentir a dor da vulnerabilidade. Ao mesmo tempo, realizar algo que muitos (e muitas) disseram que eu não conseguiria, é uma delícia!